Equipe Farmacologia Informa
Com mais de um ano de pandemia, a COVID-19 continua ocasionando muitas mortes no mundo que já ultrapassam 3 milhões segundo a OMS (1). Apesar da existência de vacinas, grupos ainda estudam substâncias com o intuito de ter uma terapêutica para a doença. Uma que ganhou destaque atualmente é azvudine, um fármaco antiviral análogo de nucleosídeos inibidor de polimerases (enzimas importantes na formação de DNA e RNA durante a replicação viral), e que foi desenvolvido para tratar doenças como Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (Aids) e Hepatites B e C (2).
Os nucleosídeos são substâncias químicas utilizadas por enzimas com o objetivo de produzir o material genético viral. Os análogos de nucleosídeos se assemelham aos naturais, mas atuam de forma a impedir a replicação viral (3). Dessa forma, análogos de nucleosídeos poderiam ter atividade contra o vírus causador da COVID-19, o SARS-COV2.
Um primeiro estudo clínico, randomizado, aberto e controlado foi realizado na China com 20 pacientes, sendo 10 com COVID-19 leve e moderada e 10 controles (4). O trabalho constatou uma redução na replicação do material genético viral nos pacientes tratados em relação ao grupo controle. Observaram ainda que o número de pacientes que apresentaram pneumonia foi significativamente menor onde após 5 dias de tratamento 100% do pacientes não tinham mais pneumonia, enquanto o grupo controle 100% não tinha pneumonia após 8 dias. O trabalho não identificou efeitos adversos relacionados ao tratamento com azvudine, e sugere ensaios clínicos com maior número de pacientes.
Recentemente a ANIVSA autorizou o estudo clínico de fase 3, cooperativo entre a Santa Casa de Campos (RJ) e o Instituto Galzu, com o objetivo de avaliar a segurança e a eficácia da Azvudine em um estudo randomizado, duplo-cego e controlado com placebo que envolverá 342 pacientes (5). No ClinicalTrials.com apenas esse estudo e outro estão registrados par avaliar os efeitos da Azvudine em pacientes com COVID-19 (6).
Glossário
Estudo randomizado, duplo-cego e controlado com placebo: modelo de estudo onde é observado o efeito de uma terapia comparado ao placebo em pacientes escolhidos aleatoriamente e onde nem o examinado (paciente) nem o examinador (quem está administrando a terapia) é informado sobre o que está sendo administrado (placebo ou substância teste).
Referencias:
1. World Health Organization, WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard. Disponível em: https://covid19.who.int/ Acesso em: 25 de Maio de 2021.
2. Wang RR, Yang QH, Luo RH, Peng YM, Dai SX, Zhang XJ, Chen H, Cui XQ, Liu YJ, Huang JF, Chang JB, Zheng YT. Azvudine, a novel nucleoside reverse transcriptase inhibitor showed good drug combination features and better inhibition on drug-resistant strains than lamivudine in vitro. PLoS One. 2014 Aug 21;9(8):e105617. doi: 10.1371/journal.pone.0105617.
3. Weiss SR, Leibowitz JL. Coronavirus pathogenesis. Adv Virus Res. 2011;81:85-164. doi: 10.1016/B978-0-12-385885-6.00009-2.
4. Ren Z, Luo H, Yu Z, Song J, Liang L, Wang L, Wang H, Cui G, Liu Y, Wang J, Li Q, Zeng Z, Yang S, Pei G, Zhu Y, Song W, Yu W, Song C, Dong L, Hu C, Du J, Chang J. A Randomized, Open-label, Controlled Clinical Trial of Azvudine Tablets in the Treatment of Mild and Common COVID-19, A Pilot Study. Adv Sci (Weinh). 2020 Jul 14;7(19):2001435. doi: 10.1002/advs.202001435.
5. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Lista dos Ensaios Clínicos com medicamentos para prevenção ou tratamento da COVID-19 autorizados pela Anvisa. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/pesquisaclinica/arquivos/ensaios-clinicos-covid.pdf Acesso em: 18 de Maio de 2021.
6. https://clinicaltrials.gov. Acesso em 25 de Maio, 2021.
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