Equipe Farmacologia Informa
Hoje, 05/05 é a data nacional do uso racional de medicamentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso racional ou adequado de medicamentos ocorre quando os pacientes recebem medicamentos para as condições clínicas (doenças), em doses adequadas às necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo.
O uso irracional ou inadequado de medicamentos é um problema de nível mundial, acometendo todos os países. A OMS estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente (1). O uso incorreto de medicamentos leva ao desperdício de recursos orçamentários em saúde, pode resultar em eventos que aumentem o período de uma doença e /ou causem mortes (2). De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox)/Fiocruz, em 2017, os medicamentos foram a principal causa de intoxicação humana no Brasil (3).
Algumas práticas estão relacionadas ao uso irracional de medicamentos: administração de vários medicamentos diferentes concomitantemente, por um paciente (polifarmácia); uso inadequado de antimicrobianos (muitas vezes em dosagem inadequada, e por tempo errado); uso excessivo de injeções quando as formulações orais seriam mais apropriadas; falha na prescrição de acordo com as diretrizes clínicas; automedicação, muitas vezes de medicamentos sujeitos a prescrição médica; e não adesão aos regimes de dosagem (1,4).
Neste contexto, a automedicação se recobre de importância e é considerada um problema de saúde pública. A automedicação é definida como o uso de medicamentos ou plantas medicinais por iniciativa própria, ou a conselho de outra pessoa, sem consultar um profissional de saúde. A automedicação está associada a vários riscos como diagnóstico errado, uso de altas doses, uso prolongado, interações medicamentosas, efeitos adversos, dependência e riscos de intoxicações (5).
No Brasil, estudos sobre prevalência e fatores associados à automedicação são escassos. Em 2017, uma pesquisa mostrou prevalências elevadas, variando entre 13,7 e 27%, dependendo da região estudada (6). Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em 2019 mostrou que a automedicação foi um hábito de 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos últimos seis meses. Além disso, 47% dos brasileiros se automedicam pelo menos uma vez por mês, e 25% se automedicam todo dia ou pelo menos uma vez por semana (7).
Algumas medidas importantes para promoção do uso racional de medicamentos: 1) não use medicamentos indicados por outras pessoas, como amigos e familiares; 2) use os medicamentos nas doses, horários e pelo período recomendados pelo profissional de saúde; 3) não se automedique com medicamentos usados anteriormente, doenças diferentes podem ter sintomas e sinais parecidos ou iguais; 4) tire suas dúvidas sobre o uso dos medicamentos que foram prescritos durante a consulta e com o farmacêutico no momento da aquisição; 5) sempre use seus medicamentos de acordo com a prescrição, as informações da bula e as orientações do profissional de saúde (8).
GLOSSÁRIO:
ANTIMICROBIANO: é uma substância que mata ou inibe o desenvolvimento de microrganismos, como bactérias, fungos, vírus ou protozoários.
DIRETRIZES CLÍNICAS: são documentos informativos que incluem recomendações dirigidas a otimizar o cuidado prestado ao paciente
EFEITOS ADVERSOS: é uma resposta diferente e indesejada que ocorre após a utilização de um medicamento
PRESCRIÇÃO: Documento médico ou outro profissional de saúde escrito com instruções detalhadas sobre o tratamento para o doente.
REFERÊNCIAS:
1.World Health Organization (WHO). Promoting rational use of medicines. https://www.who.int/activities/promoting-rational-use-of medicines. Acesso maio de 2022.
2.Rational use of medicines. The Lancet; Vol 375 June 12, 2010. DOi:https://doi.org/10.1016/S0140-6736(10)60944-0
3.https://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/files//Brasil10_1.pdf Acesso em maio de 2022.
4.Ofori-Asenso R, Agyeman AA. Irrational Use of Medicines-A Summary of Key Concepts. Pharmacy (Basel). 2016 Oct 28;4(4):35. doi: 10.3390/pharmacy4040035. PMID: 28970408; PMCID: PMC5419375.
5.Ruiz ME. Risks of self-medication practices. Curr Drug Saf. 2010; 5:315-23.
6.Pons EDS, Knauth DR, Vigo Á; PNAUM Research Group, Mengue SS. Predisposing factors to the practice of self-medication in Brazil: Results from the National Survey on Access, Use and Promotion of Rational Use of Medicines (PNAUM). PLoS One. 2017 Dec 8;12(12):e0189098. doi: 10.1371/journal.pone.0189098. PMID: 29220378; PMCID: PMC5722370.
7.NOTÍCIAS DO CFFhttps://www.cff.org.br/noticia.php?id=5267 Acesso em maio de 2022.
8.https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_promocao_uso_racional_medicamentos.pdf Acesso em maio de 2022.
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