Paula Mattos da Silva – Pós-doutoranda IBCCF - UFRJ
Desde dezembro de 2019, a população mundial vem sofrendo com a COVID-19, uma doença nova, causada por um novo coronavírus (SARS-CoV-2), que se apresenta a partir de diversos sintomas, principalmente pneumonia severa, acometendo vários órgãos e, em muitos casos, levando a morte (1). Por ser tão nova, e tão desconhecida entre cientistas e profissionais da saúde, a busca por uma terapia, seja ela farmacológica ou não, é o principal alvo de estudos no momento.
Quando o vírus entra na célula, ele provoca uma reação exagerada do sistema imune do paciente, que apresenta uma resposta inflamatória exacerbada, conhecida como “Tempestade de citocinas”, e nela há uma produção muito grande de algumas moléculas (citocinas, principalmente Interleucina 6). Estudos mostram que uma das causas da letalidade do vírus se dá por conta da tempestade de citocinas (2).
Nesse contexto, a terapia celular é muito cogitada, principalmente na utilização de Células Tronco Mesenquimais (CTM), por conta das suas propriedades imunomoduladoras e anti-inflamatórias, além de serem células de fácil obtenção por estarem presentes no cordão umbilical, sangue menstrual, polpa dentária, tecido adiposo, placenta, e medula óssea (3).
A proposta da terapia celular para COVID-19 é que as células tronco podem impedir ou diminuir a tempestade de citocinas liberada pelo sistema imunológico e promover reparo do tecido lesionado (1).
Após sua administração no paciente, parte da população de CTM fica aprisionada no pulmão, principal órgão afetado pela doença, onde podem recuperar o microambiente pulmonar, proteger as células epiteliais alveolares, interceptar a fibrose pulmonar e curar a disfunção pulmonar e a pneumonia por COVID-19(1).
Além disso, as CTM também liberam vesículas extracelulares que contém toda a maquinaria necessária para realizar as funções imunomoduladoras, anti-inflamatórias e reparadoras, sendo também uma terapia eficaz. Ao contrário das CTM, as vesículas extracelulares não ficam presas nos pulmões e se dissipam melhor pelo organismo, podendo atuar em órgãos mais distais, como os rins (1,3).
Portanto, a terapia baseada em CTM é uma candidata ideal para ensaios clínicos, onde, até a presente data, 49 estudos clínicos estão sendo realizados no mundo com células tronco na infecção pelo SARS-CoV-2 (4). Ou também, pode ser um grande alvo de estudos combinando tratamento celular e farmacológico para tratar pacientes com COVID-19.
Referências Bibliográficas
1- Golchin A, Seyedjafari E, Ardeshirylajimi A. Mesenchymal Stem Cell Therapy for COVID-19: Present or Future. Stem Cell Rev Rep. 2020 Jun;16(3):427-433.
2- Mehta P, McAuley DF, Brown M, Sanchez E, Tattersall RS, Manson JJ; HLH Across Speciality Collaboration, UK. COVID-19: consider cytokine storm syndromes and immunosuppression. Lancet. 2020 Mar 28;395(10229):1033-1034.
3- Khoury M, Cuenca J, Cruz F F, Figueroa F E, Rocco P R M, J Weiss D J. Current Status of Cell-Based Therapies for Respiratory Virus Infections: Applicability to COVID-19. Eur Respir J. 2020 Jun 4;55(6):2000858.
4- https://clinicaltrials.gov/
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