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Nitazoxanida (Annita®) e COVID-19: o que sabemos (ou não) até agora

Equipe Farmacologia Informa


O primeiro informativo publicado pelo Farmacologia Informa, no dia 22 de abril, foi sobre o fármaco nitazoxanida, muito conhecido pelo nome comercial Annita®. Naquele momento, a nitazoxanida era divulgada como uma grande promessa para o tratamento da COVID-19 devido à publicação do seu efeito in vitro contra o coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) (1). Em virtude da grande procura nas farmácias e drogarias, a ANVISA incluiu a nitazoxanida na lista de substâncias controladas, com venda somente com retenção de receita (2).

Um estudo indica, através de modelos matemáticos, que é possível atingir a concentração plasmática necessária para o efeito antiviral da nitazoxanida contra o SARS-CoV-2 com o esquema terapêutico já aprovado (500 mg via oral, duas vezes ao dia) pelas agências regulatórias (3). Outro estudo ressalta o baixo custo e o bom perfil de segurança da nitazoxanida, embora sejam necessários mais dados sobre possíveis efeitos hepáticos, renais e cardiovasculares (4).

No entanto, ainda não há resposta sobre a eficácia da nitazoxanida no tratamento da COVID-19. Na plataforma clinicialtrials.gov há 16 registros de estudos clínicos com a nitazoxanida (5), sendo que todos ainda vão iniciar o recrutamento ou ainda estão recrutando os participantes. Alguns são estudos randomizados controlados que vão comparar o grupo tratado com nitazoxanida com o grupo tratado com placebo, e outros vão avaliar a eficácia da nitazoxanida combinada com outros fármacos.

Na Plataforma Brasil da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) constam 4 estudos clínicos aprovados para investigação dos efeitos da nitazoxanida em pacientes com COVID-19 (6). Um dos estudos realizados no Brasil é uma iniciativa do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e envolve hospitais de vários Estados e do Distrito Federal (7,8,9). O MCTIC está disponibilizando em seu website um formulário para cadastro de voluntários (10).

Portanto, não há, até o momento, nenhuma evidência científica obtida com estudos clínicos randomizados controlados que embase o uso da nitazoxanida no tratamento da COVID-19.


Referências Bibliográficas

1. Wang M et al. Remdesivir and chloroquine effectively inhibit the recently emerged novel coronavirus (2019-nCoV) in vitro. Cell Res. 2020 Mar 4;30(3):269–71.

2. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 372 de 15 de abril de 2020.

3. Arshad U et al. Prioritisation of Anti-SARS-Cov-2 Drug Repurposing Opportunities Based on Plasma and Target Site Concentrations Derived from their Established Human Pharmacokinetics. Clin Pharmacol Ther. 2020 May 21:10.1002/cpt.1909. doi: 10.1002/cpt.1909.

4. Pepperrell T et al. Review of Safety and Minimum Pricing of Nitazoxanide for Potential Treatment of COVID-19. J Virus Erad. 2020 Apr 30;6(2):52-60.

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